Nossa agricultura apresenta atualmente um desempenho impressionante, comparável e às vezes superior a países produtores e tradicionais exportadores de produtos agrícolas. Os atuais e elevados números não deixam dúvidas de que o agronegócio brasileiro, é moderno, eficiente e competitivo, sendo o Brasil um dos líderes mundiais na produção e exportação de várias commodities. No entanto, uma agricultura forte e competitiva hoje, não se mantem sem investimentos em Pesquisa e Tecnologia por parte do setor público e da iniciativa privada, sem um absoluto e incondicional comprometimento com a qualidade das sementes produzidas e um eficiente arcabouço legal que assegure essa produção. Essa preocupação vai refletir diretamente na produtividade e consequentemente no sucesso, cada vez crescente, da nossa agricultura brasileira.
Sabemos que a semente de qualidade hoje, representa o insumo básico e indispensável no sistema produtivo, atuando no mercado agrícola como protagonista das inovações tecnológicas. Mas o que significa dizer então, que uma semente é de qualidade? E como essa qualidade é assegurada?
A qualidade de sementes envolve diferentes componentes individuais, que quando avaliados em conjunto, propiciam melhor, o conhecimento do valor real e do potencial de utilização de um lote de sementes. Eles estão relacionados aos aspectos genéticos, físicos, sanitários e fisiológicos. A qualidade fisiológica é definida pela capacidade da semente em desempenhar suas funções vitais. Está relacionada a germinação, vigor e longevidade, sendo o atributo responsável pelo desempenho da semente em campo e no armazenamento. A qualidade genética refere-se a semente geneticamente pura, com as características intrínsecas daquela cultivar que se deseja plantar. A qualidade física diz respeito à ausência de materiais estranhos, inertes ou sementes de outras espécies e/ou cultivares nos lotes de sementes. Já o atributo sanitário compreende aquelas sementes sadias, livres de pragas e patógenos, como os vírus, fungos, nematoides e bactérias.
E o que garante uma produção de sementes que atenda a esses quatro atributos, é a adoção de rígidos e eficientes programas de controle de qualidade externo e interno.
O controle de qualidade externo (CQE), é aquele realizado pelo governo federal por meio de ações de fiscalização do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) e do estabelecimento de leis e padrões. Já o controle de qualidade interno (CQI), é aquele executado pela empresa produtora de sementes também em todas as etapas do processo de produção, que vão desde o campo, passando pela colheita, secagem, beneficiamento, armazenamento, análise em laboratório, até a comercialização, com o objetivo de alcançar padrões mínimos de comercialização de sementes estabelecidos pelo governo e cumprir com padrões mais rígidos da própria empresa. Isso, para a satisfação total do consumidor/agricultor, que hoje em dia paga caro pelo insumo semente e almeja o retorno em produtividade do seu investimento, além disso, como estratégia de sobrevivência, pois um mercado que está cada vez mais competitivo, exige adaptações e excelência.
E aí, vamos juntos produzirmos as melhores sementes?
Raquel Pires
Raquel Pires é Engenheira Agrônoma (UFVJM), Mestre em Agronomia/Fitotecnia (UFV) e Doutora em Agronomia/Fitotecnia pela (UFLA). Realizou parte do doutorado na Universidade de Iowa, nos Estados Unidos. Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal de Lavras no Departamento de Agricultura, Setor de Sementes. É Responsável Técnica do Laboratório de Análise de Sementes da UFLA e representante da UFLA na Comissão de Sementes e Mudas de Minas Gerais.