Qual o papel da correção do solo na produção agrícola?

      Devido principalmente a fatores geológicos, a acidez é uma característica marcante na maioria dos solos brasileiros, o que pode torná-lo inadequado para o cultivo intensivo de plantas. Tal característica está relacionada principalmente a valores baixos de pH e à grande concentração de íons de H+ e Al³+.  A acidez do solo também pode ser agravada pelo seu manejo inadequado durante o processo de produção.

      Os solos são formados por três partículas principais, que estão relacionadas à sua fertilidade: argila, areia e matéria orgânica. A argila e a matéria orgânica formam coloides, que são partículas de carga negativa que atraem elementos de carga positiva, que por sua vez irão se adsorver a esses coloides. Os principais elementos de carga positiva presentes são: Ca, Mg, K, Na, H e Al, sendo Ca, Mg, K e Na os fundamentais a serem fornecidos para as plantas. O H e o Al, por sua vez, podem ser prejudiciais quando em excesso, pois são responsáveis por diminuir o valor de pH do solo. Além disso, por ser tóxico, o alto nível de Al é maléfico à planta.

      Solos com valores de pH entre 4 e 5,4 são considerados ácidos do ponto de vista agronômico, e devem ser corrigidos através da calagem, que consiste na aplicação de calcário agrícola em quantidades adequadas para determinado solo. Feita essa correção, espera-se que o solo atinja um pH com valor entre 6 a 6,5, ideal para o desenvolvimento da maioria das culturas.

      Além de corrigir a acidez, a calagem também irá adequar a capacidade de troca de cátions (CTC) do solo, aumentar sua atividade biológica, fornecer à cultura Ca e Mg, assim como os demais macro nutrientes, diminuir a toxicidade do Al, e prepara- lo para receber a adubação necessária ao desenvolvimento da planta.

      O processo de correção da acidez do solo, a calagem, deverá ser feita a partir de dados fornecidos através de uma análise de solo. Através dela e do boletim técnico da cultura, o engenheiro agrônomo será capaz de verificar os níveis de pH, CTC e macro nutrientes disponíveis no solo, e adequar os valores afim de corrigi-lo, de forma a oferecer condições adequadas ao plantio de determinada cultura. Caso estes parâmetros não estejam em níveis adequados, os nutrientes fornecidos pela adubação poderão ficar retidos no solo e não serão disponibilizados à planta. Como resultado da correção, tem-se uma maior produtividade da cultura e um manejo adequado do solo, levando à sua conservação ao longo dos anos.

Carla Lourenço


 

Carla Lourenço é Engenheira Agrônoma formada pela Universidade Federal de Viçosa. Possui MBA em Avaliação de Impactos Ambientais e Consultoria Ambiental na UNIVIÇOSA. É fundadora e consultora Ambiental na Bio Soluções Engenharia e Consultoria, empresa voltada à licenciamento e regularização ambiental, projetos agrícolas e de conservação do solo. 

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